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10 maio 2018

[Livro] A Caça - Jussi Adler-Olsen

Esse é o segundo volume de uma série que se chama Departamento Q. Os livros podem ser lidos fora da ordem, pois não há continuação. A história base (entre os investigadores) é bem sutil e o leitor não perde muito se começar pelo segundo.

O primeiro livro se chama "A Mulher Enjaulada" e tem resenha AQUI.

Sinopse: Ao retornar das férias, o detetive Carl Mørck, do Departamento Q, encontra em sua mesa os arquivos do caso Rørvig. Que estranho. O caso não havia sido encerrado? O assassino dos dois irmãos mortos na casa de veraneio não se entregara nove anos depois do crime? Quem teria colocado aqueles arquivos ali? Alguém parece querer que o caso seja reaberto e Carl Mørck morde a isca. As pistas que encontra levam o detetive à alta-roda, ao mundo do mercado de ações, da indústria da moda e da cirurgia plástica. E também às sarjetas mais imundas e sinistras de Copenhage, onde conhece Kimmie, uma moradora de rua atormentada por vozes e que precisa roubar para viver. Kimmie parece estar sempre fugindo. E de fato está. Três poderosos homens estão atrás dela e não medirão esforços para encontrá-la, pois Kimmie parece saber algo capaz de ameaçar o futuro deles. Algo que pode ter a ver com o caso antes encerrado, mas que, infelizmente para os três, acaba de ser reaberto pelo incansável detetive Mørk. 


Definitivamente, eu vou ler QUALQUER coisa que este escritor lançar. No quesito: POLICIAL, ele arrasa e prende o leitor da primeira à última página sem muito esforço.

Adaptação da obra.
Filme muito fiel ao livro!
A história é simples e é daquele tipo que já começamos sabendo quem mata, quem morre e quem está mentindo. A questão é COMO serão pegos e PORQUE um deles se rebelou contra os outros.

Anos atrás: Cinco amigos, completamente pirados, se uniram na adolescência, pois perceberam que havia algo que eles possuíam em comum: Todos adoravam torturar pessoas, espancar, humilhar, etc.

O grupo: herdeiros de famílias muito ricas, não se preocupavam com as punições, pois elas não os ameaçavam de forma alguma e isso faz com que a maldade desses adolescentes crescesse dia a dia. Até que...

Uma garota, a única do grupo, resolve se voltar contra eles. O motivo é avassalador e o leitor fica o tempo todo querendo descobrir o que se passa na cabeça dessa garota que cresce como uma mendiga e escuta vozes, além de carregar um embrulho precioso nos braços.

Ela parece se esconder de todos e fugir da própria sombra, mas tem algo muito fixo em sua mente: Vingança.

"— O divórcio vai sair caro, Ditlev. Você faz coisas estranhas. Quando os advogados estiverem envolvidos no caso, elas vão custar muito dinheiro. Seus jogos perversos com Ulrik e os outros. Por quanto tempo você acha que vou omitir isso de graça?".

Ao mesmo tempo acompanhamos o já conhecido detetive Carl, rabugento como sempre e seu subordinado Assad e toda sua alegria irritante. Ambos são atraídos para um caso já solucionado há anos que aparece, misteriosamente, no famoso Departamento Q e exige ser reaberto.

O caso é justamente um duplo assassinato que envolveu aquele grupo de adolescentes, mas acontece que um deles já havia confessado o crime, inocentado os outros todos.

Quem está enviando arquivos desse caso aos detetives?

O livro te coloca em uma posição estranha. Até onde o ser humano pode ir antes de se arrepender pelos crimes cometidos? É possível um assassino frio e perverso entender que o que faz é errado? Existe redenção para isso?

O crítico do "The New York Times" nos avisa logo na capa:

“A criatividade de Jussi Adler-Olsen para cenas de violência é inigualável” 

E ele tem razão. Olsen não mede palavras. Ele parece tão feliz em nos chocar, quanto os assassinos em matar, naquela trama. As cenas são narradas com maestria e me peguei prendendo a respiração, diante de tanta brutalidade. A narrativa é incrível. Impossível largar a obra sem ficar pensando nela.

"Ditlev tinha que se segurar para não matar a vítima. Ulrik era diferente. A morte, na verdade, não o interessava. O que o excitava era o espaço vazio entre a potência e a impotência, e era exatamente lá que sua vítima se encontrava naquele momento".
Carl e Assad
Os personagens são os melhores. Tanto os bons quanto os ruins. Em relação aos detetives, já falei na resenha de "A Mulher Enjaulada" e repito aqui: Me apaixonei pelo Assad. Ele é um árabe muito interessante que chega a Dinamarca e é contratado para ajudar Carl, mas nada ao redor dele é muito claro. Sem falar que ele possui habilidades interessantíssimas e contatos ainda mais suspeitos do que sua procedência. Mas o bom humor dele... Ah, é apaixonante!

Os vilões dessa obra são outro ponto positivo. 
Um fato interessante aconteceu: Li e resenhei a obra "Laranja Mecânica" (LEIA AQUI) ao mesmo tempo em que lia essa obra aqui e o bacana é que os adolescentes dessa trama assistiam ao filme do Kubrick o tempo todo, porque adoravam aquela violência. Eles mantiveram esse costume até depois de adultos e muitas emoções que eles demonstram são bem parecidas com as do Alex de Laranja Mecânica.

O gosto pela violência. O desprezo pela lei e a união entre os amigos que parecem se venerar entre si, onde se colocam em pedestais, acima de todos.

"Eles assistiram ao filme inúmeras vezes. Sem ele, a vida não seria a mesma. A primeira vez que viram Laranja mecânica foi no internato, nos primeiros anos".

Isso deu uma profundidade enorme à obra, pelo menos para mim e me fez mergulhar ainda mais fundo na trama.

"— A escolha é sua. Pular ou levar um tiro. São cinco andares até lá embaixo. Se pular, você tem boas chances de sobreviver. Os arbustos, você sabe. Não é por isso que eles são plantados tão próximos do prédio?".

Leiam! Literatura dinamarquesa me pareceu algo para se ficar de olho. Vou procurar outras coisas dessa mesma procedência.



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