A porta

De onde saiu essa paixão pelas letras, pelas palavras. De onde tirei essa vontade de formar frases e observá-las se tornar uma história? Sempre tive mais a ver com o RITMO e não tanto com a LETRA se é que me entendem. Porque isso aconteceu? Quando aconteceu? Eu sei quando aconteceu, vou contar a vocês.

Disseram-me que quando passamos por um período muito triste em nossas vidas a reviravolta é violenta. Por um tempo permanecemos adormecidos e depois que a inevitável mudança se instala em sua cabeça você começa a tecer novos hábitos. Pois bem, eis o meu.

A vida fecha portas e abre janelas para lhe mostrar outras oportunidades, sei que sou nova, mal vivi e já reclamo, também sei que existem coisas bem piores e que minhas experiências muitas vezes nem é tomada de grande validade para quem já sofreu de coisas bem mais graves, mas já vi uma porta se fechando em minha vida, e era uma porta bonita, agradável, eu gostava dela, mas ela resolveu se fechar totalmente pra mim e lá no fundo abriu uma janelinha, tão pequena e feinha...

Aproximei-me dela, meio acanhada e dei de cara com uma página em branco. O que fazer com um papel limpinho na sua frente? Escrever foi o que me ensinaram na escola. Mandei ver, ninguém ia ver mesmo. Comecei a escrever e a cada frase colocada nessa página a janelinha ia aumentando e aumentando até que ficou maior que aquela antiga porta.

Hoje olho para ela e não a acho mais tão bonita, minha janela é muito mais interessante, tem mais cores, tem mais retorno, mais vida!

Se uma porta se fechar para você, aproxime-se mesmo que devagar daquela janelinha acanhada lá na frente, nunca se sabe o que você verá através dela. Faça-a crescer e um dia você perceberá que a porta que se fechou nem era tão bonita.