Se você é do tipo que gosta de ler eu recomendo que continue
o post, porque vale a pena demais ler isso.
Esse texto foi trazido para cá diretamente do BlogEntrelinhas do querido Will e definitivamente é um dos textos mais belos que já
li aqui na blogosfera. Portanto não farei considerações, ele fala por si só e
qualquer coisa que eu disse ficará sobrando! Aproveite e se delicie com as
palavras desse nosso amigo brilhante!
Você acorda cedinho, depois do banho se olha no espelho e
diz: 40 anos...
Percebe que a vida não mudou tanto, até gostaria que mudasse
mais. Imagina como vai ser daí pra frente.
Uma discreta neve começa a trazer um delicado inverno aos
cabelos, o metabolismo do intestino tem estado mais lento, os joelhos
sutilmente já reclamam após uma corrida matinal.
Nota uma sensação de juventude perdida: livros não lidos,
filmes não vistos, amizades que se apagaram, mulheres que não amou, show do
Caetano que não foi, romances escritos e não publicados, e concorda com
Hipócrates: “A vida é curta, a arte é longa. A ocasião fugidia...”
A memória que sempre foi prodigiosa começa a pregar peças:
conversa por minutos a fio com uma conhecida na fila do mercado, despede-se,
sabe quem é, mas não se recorda o nome dela. Ingrata memória, às vezes você
esquece até os mandamentos ou um amor do passado...
Outras vezes, a memória se redime quando você vê uma reportagem
na tevê com o Zico, lembra-se como se fosse ontem que, garoto, você acordou
cedo em 1981 para vê-lo levantar a taça de campeão do mundo pelo Mengão. É
quando a memória se põe mancomunada com a saudade e inunda você de ausências.
Aí você se lembra do jagunço filósofo Riobado: "Toda saudade é uma espécie
de velhice". E conclui: o que é a memória, senão um espelho coberto que
por vezes fica nu para nos seduzir ou nos envergonhar...
Reencontra um velho amigo e o acha tão acabado, mais tarde
se lembra que ele tem a mesma idade que você. Estranha, quando aguardando para
uma consulta médica de rotina, um garoto lhe chama, é o médico.
Começa a entender no espelho o texto sagrado, quando o sábio
rei Salomão refletindo sobre a brevidade da vida constatou ter se divertido,
alcançado riquezas, gozado realizações, tido todas as mulheres que um homem
poderia desejar, mas depois abaixou a cabeça e concluiu desiludido: “... era
ilusão, era como se eu estivesse correndo atrás do vento”.
A vida começa a falar com você de forma misteriosa.
O livro que está lendo (‘Risíveis Amores’) diz a você na
noite anterior: “Atravessamos o presente de olhos vendados, mal podemos
pressentir ou adivinhar o que estamos vivendo. Só mais tarde, quando a venda é
retirada e examinamos o passado, percebemos o que vivemos e compreendemos o
sentido do que se passou”. Touché, amigo Milan Kundera.
O rádio toca uma canção antiga: “Ando devagar porque já tive
pressa e levo esse sorriso, porque já chorei demais. Hoje me sinto mais forte,
mais feliz, quem sabe, só levo a certeza de que muito pouco eu sei ou nada
sei... Todo mundo ama um dia, todo mundo chora, um dia a gente chega e no outro
vai embora. Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom
de ser capaz e ser feliz”.
Então, desconfia que a vida é uma travessia, onde por volta
dos quarenta olha-se para a metade percorrida e gostando ou não, se dá conta de
que com sorte só terá a outra metade para virar o jogo ou continuar ganhando e
perdendo.
Percebe, então, que a vida não é só um fenômeno biológico,
um bater de coração ou uma onda cerebral, mas um desígnio sobrenatural que se
firma na busca e na oferta da felicidade.
Compreende que a essência da vida se alimenta dos sutis
perfumes de um lindo jardim de amizades, da luz do sorriso de um filho, da
confortável delicadeza de uma palavra amiga (dita ou ouvida), da chama de um
encontro esperado, do calor e do encaixe do corpo da pessoa amada revelado no
doce desejo apaixonado, da textura dos cabelos de uma garota bonita
entrelaçando seus dedos enquanto ela toca as estrelas na infinitude do amor...
oi Camis,
ResponderExcluirli esse texto lá,
e é maravilhoso realmente,
aliás adoro a maneira do Will escrever,
belíssima escolha...
beijinhos
Que maravilha de texto! Adorei ! Faz bem ler! beijos,chica
ResponderExcluirO Will escreve bem demais, Camila. Boa escolha. Beijos e melhoras, querida!
ResponderExcluirOi Camila,
ResponderExcluirTive a oportunidade de ler esta bela crônica no blog do amigo Will. É realmente linda e revela a extrema sensibilidade dele.
Tentei entrar no blog dele ontem e parece que o mesmo foi removido. Uma pena, pois sempre me proporcionou maravilhosas leituras.
Parabéns por trazê-la para cá. Ótima escolha.
Beijo.
Texto perfect mesmo! Gracias por compartilhar com a gente, queridona! E pode me encher de TAG, me jogar na parede e me chamar de lagartixa... adoro... hahahahahahaha! Beijonas e que bom que não estás mais "dengosa"... ;)
ResponderExcluirCamila, muito boa a sua escolhar. De fato o Will escreve muito bem. Muito bem colocada essa postagem.
ResponderExcluirBeijo
Manoel
Magnífico!
ResponderExcluirE você melhorou?
Beijos
Um lindo momento de reflexao da vida ,simplesmente belo tantas perguntas inquietantes que a vida nos da e nos continuara a dar enquanto permanecemos neste mundo em constante transformaçao.Beijinhos Camila
ResponderExcluirMuito bom Camis! Parabens ao escritor! Belissimo!
ResponderExcluirBasicamente envelhece é isso aí que está no texto... rs
ResponderExcluirBeijocas
Que texto sensacional Camila! essas ideias sempre me impulsionam a ser cada vez mais atirada na vida e buscar todos os meus objetivos para nunca olhar pra tras e dizer que poderia ter feito diferente.
ResponderExcluirUma coisa que ajuda muito no nosso caso é entrar na casa dos 30 solteira heheheh. beijos!
Carol
Ah, Carol,
ResponderExcluirfico muito feliz, muito mesmo, por ter parte de meu coração posto em palavras sido acolhida de forma tão sublime aqui no seu espaço maravilhoso.
Grato pelo carinho!
"essas ideias sempre me impulsionam a ser cada vez mais atirada na vida e buscar todos os meus objetivos para nunca olhar pra tras e dizer que poderia ter feito diferente."
ResponderExcluirEu penso do mesmo modo que a Carol, deve ser muito ruim atingir um certo período da vida e constatar que perdeu muitas oportunidades, que deixou de se fazer o que gosta por causa de outros ou por motivos banais. Infelizmente, há coisas que sim, são irreversíveis, por este motivo é muito importante viver o aqui e o agora, sem descuidar do futuro.
O trecho que achei mais legal foi o da consulta médica.
Boa quarta.