A volta da inspiração

Fazenda Ponte Alta
Vivia em uma daquelas fazendas coloniais e imensas. Daquelas com um enorme gramado na frente e alguns coqueiros margeando o estreito caminho até a entrada. Coqueiros tão altos que não serviam para nada. Tão espaçados ao ponto de serem verdadeiramente inúteis com suas minúsculas sombras quebradas.

Era nesse tipo de lugar que morava. Do tipo que olhando de fora se podiam perder uns bons dois minutos contando as janelas. Você sabe o quão demorado são dois minutos? Não vejo necessidade em mentir com números como "meia hora" ou "duas horas" se dois minutos demoram a quantidade de oitenta e cinco janelas.

Nesse tipo de lugar, geralmente havia muito espaço. Os móveis precisavam ser grandes para ocupar todo o cômodo e tudo era pesado demais. Era tudo longe também, mesmo dentro de casa, se cansava as vezes.

Sim, um exagero, mas era nesse tipo de casa que morava. E era feliz, não pela construção majestosa de dois andares e duas escadas,  nem pelos coqueiros inúteis ou suas janelas de dois minutos, mas por todo o resto e entendia-se por todo o resto, quase nada, mesmo assim era feliz.


Porque havia descoberto que, mesmo vivendo só, podia contar com sua imaginação e dela tirava histórias incríveis e sorria depois de chorar com as vidas que inventava.


Excelente final de semana para vocês!

8 comentários

  1. Lindo e quem pode contar com sua imaginação pode se rodear de maravilhas sempre! bjs, chica

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  2. Ai, que delícia! Sua falta de inspiração era mesmo só uma janela para novas e ótimas histórias. Aliás, interessante a relação que você fez dos minutos com as janelas. Vinícius um dia escreveu sobre quanta coisa acontece no tempo de um beijo, o beijo de um minuto.
    Olha ele aqui: http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/um-beijo
    Um grande abraço, Camila!

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    1. Nossa Regina! Que legal esse poema. Fiquei honrada em receber essa comparação. Obrigada!

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  3. Adorei as janelas de dois minutos, Camila. Isso beira a poesia. Beijos!

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  4. Que a imaginação não falte ,beijinhos

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  5. Humm, conto lindo e me lembrou muito o casarão maravilhoso do seu livro que eu muitas vezes imaginei enquanto li a história.

    Beijoks, Van - Blog do Balaio
    balaiodelivros.blogspot.com.br

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  6. Rsrs... Oitenta e duas janelas? É janela demais, pai do céu. Você desconstruiu os pobres coqueiros, tadinhos. Fiquei aqui a imaginá-los com suas palhas caídas feito um cão com as orelhas abaixadas.

    Bem vinda de volta, inspiração.

    Beijo.

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  7. Neste momento apenas te posso desejar uma excelente semana,tudo de bom para ti!! mundomusicaldacarolina.blogspot.pt

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