Numa das últimas conversas que tive com a Camila Monteiro antes de seu desaparecimento (há hipóteses de sequestro por ETs e de guerra interior, mas meu sexto sentido diz que ela planejou tudo), eu contava pra Camila sobre o tempo que eu vinha perdendo ultimamente no trânsito e como consegui torná-lo mais útil. Bem, enquanto nossa amiga não volta e tendo recebido uma encomenda literária para não deixar órfãos os leitores do blog Vida Complicada, resolvi escrever sobre essa descoberta da qual eu contava pra ela alguns dias antes do fatídico sumiço.
Quem tem ouvidos, leia
Regina Magnabosco
Venho ao blog Vida Complicada para falar de um descomplicador da vida moderna: os audiolivros. Embora não nos proporcionem o enlevo pelo cheiro do papel e a virada de páginas, eles são úteis companheiros no trânsito, especialmente se você é o motorista. Outro ponto positivo é que os livros falados não tiram do leitor a autonomia de criar suas imagens e significados a partir das palavras do autor. É como alguém lendo pra você.
Eu nunca tinha tido a curiosidade de conhecer um livro falado até que, há três meses, comecei a trabalhar em um lugar que fica muito longe da minha casa e precisava dar um fim à sensação de perda de tempo no trajeto. Ouvindo poesias ou uma boa história, nem me importo tanto mais com a distância, os congestionamentos ou um sinal vermelho.
O produto pode ser adquirido em CD ou MP3, com código de acesso entregue por e-mail ou, inclusive, com possibilidade de baixar o arquivo de áudio gratuitamente nos sites de venda. Algumas gravações são muito boas, outras nem tanto. Já adquiri um CD de poesias, por exemplo, que tinha 7 horas de gravação, mas cujo marcador de faixas apresentava apenas números em quase todo o conteúdo. Eu precisava praticamente adivinhar onde estava a poesia que eu queria ouvir de novo (anotar nem sempre é possível e a memória nem sempre colabora). Mas isso não fez com que eu me arrependesse de ter adquirido a obra: a relação custo-benefício é positiva.
O preço, na comparação com outros formatos, não apresenta muita vantagem. À exceção de alguns trabalhos gratuitos, os preços são normalmente iguais ou menores que os das obras impressas de mesmo título, mas costumam ser maiores que os dos e-books. Os livros falados podem ser encontrados nos sites de grandes livrarias ou em portais específicos. Os acervos mais volumosos que encontrei foram os dos sites Universidade Falada -www.universidadefalada.com.br, em língua portuguesa, e Audible - www.audible.com, em língua inglesa.
Convergência das artes
Os audiolivros surgiram no início do século XX, tendo como público alvo as pessoas com deficiência visual. Aos poucos, o mercado foi se expandindo e as obras hoje disponíveis vão além da literatura. Há gravações com conteúdo para concurseiros e estudantes em geral.
Na linguagem politicamente correta da acessibilidade, há uma diferença entre os termos audiolivro e livro falado, sendo o primeiro referente às gravações carregadas de emoção e interpretação do locutor (ou locutores) e este último à boa e fria leitura da obra. Observei, entretanto, que esses nomes nem sempre são usados distintamente, o que significa que se você prefere um dos estilos, é recomendável ouvir trecho da obra antes de adquiri-la, o que é possível em alguns casos.
O mercado do audiolivro é promissor inclusive para atores. O livro To the Lighthouse (Passeio ao Farol), de Virgínia Woolf, foi transformado em audiobook pela narração da atriz Nicole Kidman. No Brasil, atores consagrados também estrelam nesse palco virtual. Paulo Autran lê poesias de Fernando Pessoa e a atriz Zezé Polessa narra A Mulher que Matou os Peixes, de Clarice Lispector, por exemplo, mas a maioria dos títulos é gravada mesmo por locutores ou atores desconhecidos.
É a convergência das artes pela Comunicação.
Muito interessante, eu havia pensado apenas no público de deficientes visuais como consumidores dos audiolivros, agora vejo que não.
ResponderExcluirBeijos
Eu gosto, acho prático para quem não tem muito tempo.
ResponderExcluirbjokas =)
Mandou bem, Regina! Muito interessante a dica da Universidade Falada. Vou visitar hoje mesmo. Gostei também de saber a diferença entre audiolivro e livro falado. Sou fã de audiolivros e costumo ouvi-los no You Tube. Beijos!
ResponderExcluiroi Regina,
ResponderExcluiré uma solução bem prática para as correrias do dia a dia...
gostei da dica!!!
beijinhos