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Hey, Ho, Let´s go! (Ramones)
Uau, como é difícil resenhar um livro do King...
Como é difícil resenhar uma obra que acabou de atingir o primeiro lugar no "podium do medo" da minha estante e como é difícil não ser capaz de demonstrar o quanto esse livro é magnífico.
Sem dúvida alguma, se você quer conhecer Stephen King em sua essência como escritor: esse é o livro ideal, porque tem todos os pontos fortes do mestre e mais alguns.
O Cemitério conta a história da família Creed, formada por Louis e Rachel mais seus dois filhos pequenos e um gato chamado Church, que se mudam para Ludlow (Maine) em busca de uma nova vida. Não necessariamente um recomeço e é esse um dos pontos positivos do livro:
A família Creed é realmente adorável. Do tipo que você se apaixona pelas manias e pelo carinho que um tem com o outro. (mas vamos avançar um pouco mais na história).
Louis é medico - Sim! O protagonista não é escritor nesse livro - e veio para assumir um novo cargo na Universidade do Maine. Através de fotos, escolheu a antiga casa colonial - típica da Inglaterra e recém-reformada, com três cômodos etc..., mas o que o atraiu de imediato foi o extenso gramado verde que rodeava a casa onde as crianças poderiam brincar livremente e mais adiante um bosque. Tudo muito lindo, quase a terra dos sonhos.
Há coisas secretas, Louis. O solo do coração de um homem é mais empedernido... como o solo no velho cemitério Micmac. Mas um homem planta o que pode... e cuida do que plantou". - Jud
Logo que chegam à nova casa, conhecem Jud - um velho morador daquelas redondezas que logo encanta a família toda (e eu também) pela sua hospitalidade. Jud é um homem de muitas histórias e um sotaque divertido, (certamente um dos meus personagens preferidos no livro), que atrai Louis imediatamente como um pai que ele nunca teve e os dois se tornam amigos com muita facilidade.
Eu sei... Você que conhece Stephen King um pouco já deve estar criando histórias mirabolantes na cabeça, mas Jud é adorável. O típico amigo para toda hora, que oferece cerveja no fim da tarde e muitas histórias inacreditáveis até altas horas.
Uma pausa: Essa obra me encantou pela profundidade dos personagens, Acredito que Louis foi uma das personalidades criados por King que mais me satisfez. O médico é completo, carinhoso e suas dúvidas são reais, de um homem íntegro e apaixonado, talvez por isso você acabe entendendo até onde ele chega por amor. A forma com que ele lida com as adversidades de sua família é encantadora.
Já li várias obras do King e o vi passando por psicopatas, monstros, mocinhas indefesas, bad boys e alcoólatras, mas Louis foi com certeza o mais completo e o mais profundo em termos de personalidade que já li. Eu praticamente sabia o que ele estava pensando em várias partes da história, de tão real que ele se tornou para mim.
... e naquela noite os dois dormiram bem abraçados. Quando Rachel acordou tremendo, no meio da noite, passado o efeito do Valium, ele (Louis) a acariciou com as duas mãos e sussurrou em seu ouvido que estava tudo bem. Ela dormiu de novo".
Voltando: Uma das inúmeras histórias que Jud tem para contar é justamente a respeito de um local muito interessante que fica no terreno dos Creed: O "Simitério" de Bichos.
Logo após o gramado da casa dos Creed, há uma trilha - muito bem conservada pelas crianças da redondeza - que acaba em um cemitério onde todos os animais dali são enterrados. É uma espécie de santuário para elas, pois é através desses bichinhos de estimação que elas têm seu primeiro contato com a morte. Louis acha isso importante, como médico tende a encarar a morte com mais tranquilidade e acha importante a filha fazer o mesmo, mas Rachel não.
Por conta de traumas que ela trás desde criança (e essa é uma das histórias mais horripilantes que já li na vida), Rachel simplesmente prefere ignorar a morte ao pensar nela como algo natural para qualquer ser vivo e esse é um dos únicos pontos em que o casal discorda.
É aquele lugar maldito. Não é saudável. Crianças indo até ali e cuidando dos túmulos, conservando a trilha limpa... Que merda de coisa mais mórbida! Seja qual for a doença que tenham as crianças daqui, não quero que Ellie a pegue" - Rachel
Então até onde um pai devotado e amoroso iria para ver sua família feliz? O que um homem como Louis seria capaz de fazer para protelar o primeiro contato de sua filha com a morte, já que sua esposa é incapaz de absorver tal ato?
Os gatos são os gângsteres do mundo animal, vivendo fora da lei e frequentemente morrendo por causa disso".
Ellie - filha mais velha - tem um gato - Crurch - que dorme com ela e a segue onde quer que ela vá. Um dia o animal atravessa a estrada bem em frente a casa deles e morre atropelado.
O que mais Louis poderia fazer se descobrisse que o tal "Simitério" de bichos esconde algo muito mais poderoso do que pequenas lápides feitas por crianças.
...um homem planta o que pode... e cuida do que plantou".
O que ele poderia fazer se o próprio cemitério - que tem uma história incrível - parece ter também vontade própria e exercer uma fascinação incontrolável nele?
E o que fazer quando o maldito gato Church volta para casa, mesmo depois de ter sido enterrado por Louis? É exatamente isso que o cemitério faz... É isso que Louis descobre e é nesse momento que sua vida vira um inferno sem volta.
Talvez na vida normal de um homem, mesmo nas melhores circunstâncias, houvesse menos que um mês de dias realmente bons. Deus, em Sua infinita sabedoria, parecia muito mais generoso quando distribuía a dor".
O livro é aterrorizante! Começa leve e vai esquentando como se fosse água sendo fervida em fogo baixo. Você vai se envolvendo e começa a pensar como Louis, sente suas dúvidas e desconfia das coisas ao passo que as páginas vão passando.
Eu não conseguia parar. Li de noite e me arrependi quando cheguei à parte da história da irmã da Rachel - que como eu disse, foi uma das mais assustadoras que já li na vida - e queria acordar mais cedo para ler um pouco antes do serviço. É eletrizante.
Sem dúvidas, O Cemitério é o melhor livro do Stephen King. Em comparação com os outros parece se distanciar em termos de narrativa e descrição. Tudo é melhor nesse livro.
Pontos Positivos:
- Personagens
- Locais macabros
- Sustos
- Genialidade
- Drama intenso
- Ação na medida exata
Pontos Negativos:
- Não tem nenhum
- Tem sim: Poucas páginas (deveria ter 5600 páginas na verdade)
Um pouco sobre o filme que ganhou o nome de O Cemitério Maldito: É um filme leal ao livro, algumas falas são até iguais e marcantes, mas é muito corrido. Jud deixa de ser um senhor simpático e adorável e passa a ser meio assustador – algo que me desagradou porque realmente gostei dele no livro – No entanto, a escolha dos personagens ficou perfeita (A Ellie é uma chata, chata, chata).
Se o filme é corrido, o livro é totalmente o contrário. Tem histórias transbordando pelas páginas e toda a profundidade que só o King consegue dar em suas cenas. De qualquer forma, vale a pena ver a adaptação, mesmo que seja para dar “cara” aos personagens de vez, mas o livro não deve ser ignorado jamais! É BEM mais assustador. Isso eu garanto.
Sério, leiam esse livro para conhecer Stephen King. Saibam por que ele lança quase 4 livros por ano e vende todos na mesma intensidade. Descubra com esse livro, porque quando eu estou desanimada e sem inspiração, é o Stephen King que eu procuro como remédio.
Puxa! Adorei essa resenha, Camila! Eu quero ler O Cemitério. Não me pergunte quando, mas vou ler esse livro.
ResponderExcluirUm grande abraço!
Vale muito ap ena Rê, pra conhecer realmente a escrita do King. É muito bom!
ExcluirGostei do nome do gato, Camila. É claro que vou ler. Beijos!
ResponderExcluirO nome dele achei sacanagem!!!!! Genial!!!! hahahahahahaha
ExcluirOi Camila, eu assisti o filme e achei mega assustador, eu amo o Stephen, mas ando dando um tempinho nestas leituras, rsrsrs beijosss!!!
ResponderExcluirExcelente resenha, me instigou a reler essa obra maravilhosa do mestre King! Parabéns Camila ^^
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