[Livro] O livro do cemitério – Neil Gaiman

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Neil Gaiman pode ser conhecido pelos seus quadrinhos mundialmente famosos chamados Sandman, ou também pelos episódios que escreveu na série Doctor Who, mas para mim, ele sempre será lembrado através do livro O Oceano no Fim do Caminho, que certamente me marcou e o levou para o segundo lugar da minha lista de melhores escritores do mundo.

O primeiro é o Stephen King, claro!

Neste livro, no entanto, Gaiman se supera na arte de ser doce e sombrio ao mesmo tempo. O livro do cemitério – influenciado pelo clássico, O livro da Selva de Rudyard Kipling em 1894 (Mogli) - desenvolve o dia a dia de um garoto órfão em um cemitério habitado por pessoas interessantíssimas. É esplêndido!

A obra começa com uma família sendo brutalmente assassinada pelo Homem Chamado Jack, mas não totalmente, pois o bebê daquela casa simplesmente consegue fugir e vai parar em um antigo cemitério abandonado onde é encontrado por um casal local (mortos) que expressa sua vontade de adotá-lo.

Depois de uma grande discussão muito interessante e de ganhar ninguém menos do que Silas como guardião, o garoto é aceito e adotado pelos Owens, ficando assim, sob a proteção e os privilégios do lugar. Ele é até batizado como Ninguém Owens e passa a ser chamado carinhosamente pelos habitantes do cemitério de Nin. (fofo)

O homem chamado Jack continua a procura-lo pela cidade e por isso Silas – seu guardião e único habitante que pode entrar e sair do cemitério quando bem entende – decide que ele precisa viver escondido ali dentro do cemitério para sua própria segurança até que tenha a capacidade necessária para entender sua situação e se defender dos perigos que existem do lado de fora.

Neil Gaiman é conhecido por criar universos dentro de universos e, ao passo que as páginas vão virando (praticamente sozinhas) em nossas mãos, vamos conhecendo histórias paralelas, vidas perdidas de diversas formas, costumes mórbidos e incríveis ao mesmo tempo – Mesmo porque esse cemitério não é habitado apenas por fantasmas...

Dessa forma, Nin vai crescendo e tendo aulas com as pessoas mais malucas daquele cemitério enquanto Silas o ensina a ser um garoto vivo no cemitério, saindo e voltando com roupas e coisas necessárias para ele. Cada capítulo parece um conto independente do outro, como se ele fosse a uma missão por dia e no final do livro tudo se funde de maneira espetacular. 

Os personagens criados por Gaiman nesse livro são únicos e devo dizer que quem leu O Oceano no fim do Caminho terá uma bela surpresinha, mas todo meu amor fica para Silas – o guardião – que carrega esse manto de mistério onde quer que esteja, pois até a última página não sabemos exatamente O QUE ele é. Silas parece ser o único ali que conhece a história toda de Nin verdadeiramente e por isso o protege com tanto cuidado.

O ritmo da leitura é suave, mas ao se aproximar do final fica bem acelerado e impossível parar até mesmo para respirar. Devo dizer também: O último capítulo quase me arrancou lágrimas. A mensagem que Gaiman passou sobre amadurecimento e toda a vida de Nin, finalmente revelada foi tocante.

Para quem nunca leu nada do Gaiman, esse é um bom começo, apesar de achar que O Oceano no fim do Caminho ainda merece o grande troféu de ouro em sua carreira.