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Devore ou seja devorado
Mesmo hoje, é bem difícil encontrar alguém que não conheça o filme Tubarão (Jaws) de Steven Spielberg, o longa é um marco na história do cinema, considerado o primeiro blockbuster, entre tantos.
Basta pensar no filme é já vem à cabeça a fantástica trilha sonora de John Willians:
Tantan-tan-tan-tantantantan-TAN-TAN.
Reprisado inúmeras vezes na Sessão da Tarde, o filme marcou gerações, transcendendo o tempo e aterrorizando crianças e adultos que até hoje não conseguem ir à praia sem se lembrar, mesmo que por um instante de alguma cena do filme.
Na foto o diretor Steven Spielberg com tubarão mecânico usado no filme. |
Poxa, eu mesmo, quando pirralho, ficava com medo até de ir tomar banho depois de assistir....
Enfim, vamos ao livro: Todo mundo conhece aquele velho clichê que “O livro é muito mais denso do que o Filme”, ou mesmo que “O filme é apenas a ponta do iceberg”, muito bem, acredito piamente nisso e Tubarão é um perfeito exemplo, não que o brilhante filme de Spielberg seja ruim, pelo contrário, é fantástico, mas a obra original do falecido autor Peter Benchley agrega uma margem de conteúdo muito maior.
Lançado pela primeira vez em 1974 como a primeira obra publicada do autor (o que impressiona bastante devido a qualidade da narrativa) Tubarão foi um fenômeno editorial. Em apenas alguns meses vendeu milhões de copias, isso em uma época sem internet, onde os veículos de mídia disponíveis eram bem menos criativos que os de hoje.
A história se passa em uma pequena cidade litorânea ficcional chamada Amity, localizada em Long Island, Nova York. Esta modesta comunidade dependente totalmente dos lucros arrecadados no período de verão, precisamente próximo ao feriado de 4 de julho (dia da independência americana) quando as praias estão lotadas de turistas gastões.
Era para ser mais um verão comum, no entanto quando um corpo mutilado de uma jovem é encontrado, o destemido chefe de polícia Martin Brody ordena o fechamento das praias. Essa decisão não é vista com bons olhos pelo prefeito Larry Vaughan que além da preocupação com a sobrevivência da cidade, é pressionado por sócios mafiosos interessados no dinheiro dos veranistas, desesperado ele tenta abafar o incidente e obriga Brody a manter as praias abertas.
Essa decisão infeliz ocasiona em mais mortes, protagonizadas por uma besta submarina de fome irracional.
É como se houvesse um maníaco à solta matando pessoas quando estivesse a fim. Você sabe quem ele é mas não pode pega-lo e não pode pará-lo. E o que é pior, você não sabe por que ele está fazendo isso. ”
Tirando a questão da máfia, a trama principal do livro é a mesma do filme. Vou colocar assim, o longa de Spielberg é basicamente um filme de aventura com doses de terror, onde o foco está totalmente na caçada ao monstro submarino.
Em suma uma obra para toda família.
Já o livro de Benchley tem uma preocupação maior com os dramas dos personagens, abordando uma gama de decisões e relações que geram inúmeros questionamentos, sendo assim uma obra de teor mais adulto (tendo inclusive cenas com descrições eróticas, que deixam a narrativa bem mais quente).
Aí é quando nossas opções se ampliam. Provavelmente eu estaria tão excitado que eu te agarraria e faria ali mesmo – talvez na cama, talvez não. Essa seria a minha vez. A sua viria depois".
Um exemplo disso é o fato do chefe de polícia Brody ter que lidar com a culpa das mortes dos banhistas, enquanto desconfia que sua esposa com quem tem três filhos, o está traindo com o jovem oceanográfico Matt Hooper, que veio a cidade para ajudar a eliminar o grande Tubarão-Branco que está aterrorizando as praias.
Essa desconfiança ocasiona uma série de conflitos e inimizades com os dois personagens, que mesmo a contragosto são obrigados a trabalhar juntos para derrotar o inimigo em comum. Este elemento me surpreendeu muito, pois coloca o chefe Brody em uma situação explosiva, onde suas emoções e ações são testadas, tornando a estória bem mais interessante, pois tira o Tubarão de foco e te faz se preocupar mais com as relações humanas.
Se não bastasse as indiferenças entre os dois personagens, junta-se ao time o misterioso e canastrão Quint, um veterano pescador de meia-idade que vê nas tragédias de Amty um meio de lucrar (isso apenas no começo, pois no final a coisa se torna uma questão de honra). Tendo fama de exime pescador ele é contrato por Brody, como a última esperança de salvar a cidade.
O interessante nessa equipe é que nenhum deles se dá bem e esse não fosse pelas circunstancias jamais trabalhariam juntos. No filme este elemento é amenizado, pois mesmo existindo uma certa tensão no trio, não é nada denso, ou mesmo pessoal, tudo se baseia apenas no calor do momento. (Foto do trio abaixo)
Da esquerda para a direita. Quint, Brody e Hooper |
Apesar das diferenças entre ambas as obras, é notável como alguns elementos da narrativa conseguiram ser massificados no filme. O melhor deles para mim é o próprio Tubarão, as descrições de Benchley sobre a besta submarina são fantásticas, chegando a quase dar um tom mitológico que beira o sobrenatural, isso no filme foi muito respeitado por Steven Spielberg onde cada cena é uma personificação quase que perfeita do livro.
O peixe apareceu na água a alguns metros do barco. Como um foguete decolando, o focinho, mandíbula e barbatanas peitorais elevaram-se na água em linha reta. Em seguida surgiram a barriga branca-acinzentada, a barbatana pélvica e a gigantesca genitália.”
Acredito que o mérito do autor não está em ter criado um monstro, mas sim ter exposto uma criatura que já existe. Trazendo em pauta um dos conflitos mais antigos, Homem V Natureza. Sob essa ótica a maestria de Benchley nos faz perceber como o homem é pequeno e avulso a força da natureza, sendo está uma crítica atemporal.
Na reta final da narrativa o clima denso torna-se explosivo, os nervos estão à flor da pele e o momento de maior clímax está acontecendo, eis o confronto final contra o monstruoso Tubarão-Branco, que coloca em jogo não só a vida dos três personagens, mas também o destino da pequena cidade.
Este arco é um dos grandes pontos de diferença entre as obras, reza a lenda inclusive que o autor não ficou satisfeito com adaptação feita no filme, devido à impossibilidade física das coisas, se você se lembrou do tubarão explodindo acertou, todavia, essa é apenas uma das diferenças.
Acho que seria injusto revelar os detalhes aqui, pois diminuiria muito a experiência da descoberta na leitura, se você é apaixonado pelo filme, leia o livro, não tem nada a perder, somente a ganhar, ambas as obras são ótimas em seus respectivos meios, e de certa forma se completam.
Escrito por Rodrigo Shepard
Do filme eu sabia e gosto bastante, mas não sabia que tinha um livro que deu origem ao filme! Adorei a resenha.
ResponderExcluirBjs
Oi Camilinha,
ResponderExcluirUm ótimo filme, marcante e inesquecível.Não sabia que havia sido baseado em uma obra literária.
A resenha está excelente. Parabéns ao Rodrigo Shepard.
Seu níver será no dia 23 de agosto, não é? Se eu estiver por aqui virei cumprimentá-la, seja aqui ou no face, mas se estiver viajando, ficarei completamente off.
Até breve!
Beijão.
Exatamente nesse dia! Obrigada por lembrar.
ExcluirQuanto ao livro, eu tb não sabia que havia uma obra antes do filme. Aprendendo todo dia!
Exatamente nesse dia! Obrigada por lembrar.
ExcluirQuanto ao livro, eu tb não sabia que havia uma obra antes do filme. Aprendendo todo dia!
Genial esse post Rô, vc enriquece demais meu blog. Obrigada por trazervum clássico para cá!
ResponderExcluirAssim como a maioria, eu não sabia que o filme era adaptação de uma obra. Que grata notícia. Beijocas!
Eu que agradeço Camila, adorei ler e escrever sobre esse livro, fico feliz em colaborar ^^
ExcluirGenial esse post Rô, vc enriquece demais meu blog. Obrigada por trazervum clássico para cá!
ResponderExcluirAssim como a maioria, eu não sabia que o filme era adaptação de uma obra. Que grata notícia. Beijocas!
Oi Camila, eu nem sabia que existia o livro, rsrsrs este filme foi um dos mais assustadores que eu já assisti, mesmo sabendo que o tubarão era de mentira e tal, rsrsrs beijosss!!!
ResponderExcluirSó a geração de Tubarão sabe o que é ter medo de entrar no mar quando vai pra praia hahaha
ResponderExcluiradorei o post
beijos!
Olá,
ResponderExcluirEu não curto esse tipo de livro, gosto de outro gênero, mas a história é de fato interessante e essa edição da Darkside está linda.
Beijos.
Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com
Adorei o livro e faz anos (muitos anos) que o li.. mas é magnífico!! O filme deixa muito a desejar. Adorei sua resenha, parabéns!!
ResponderExcluirBjosss,
http://www.dmulheres.com.br/
Quem sabe ainda leio o livro, hum...vou pensar.
ResponderExcluirBeijos
Quem sabe ainda leio o livro, hum...vou pensar.
ResponderExcluirBeijos
Quem sabe ainda leio o livro, hum...vou pensar.
ResponderExcluirBeijos
Oi Rodrigo,
ResponderExcluirTubarão é um filme que todo mundo conhece e que poucos sabem que foi inspirado em um livro.
O que me atrai no livro é justamente os dramas paralelos dos personagens.
A edição limitada ficou linda, né? Dark side sempre caprichando.
Abraço,
Alê
www.alemdacontracapa.blogspot.com