[Livro] A garota que tinha medo

Atire à primeira padra, quem nunca pensou ser frescura, o que uma pessoa depressiva relatava em seus lamentos. Eu já pensei! O padre Marcelo já pensou e nós dois já estivemos do outro lado também. Só assim eu pude entender o que era, de fato, a depressão.

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Imaginem Síndrome do Pânico?

É sobre isso que o livro A Garota que Tinha Medo trata. Em uma edição muito bem trabalhada pela Editora Chiado (lá de Portugal), a obra conta a história de Marina, que vivia uma vida normal até seus dezoito anos de idade, com pressões e desencontros, como qualquer adolescente, mas que viu sua vida virar do avesso após sofrer sua primeira crise de pânico.

Não é uma leitura leve. Muitas vezes me senti um pouco ansiosa por ler os relatos do que Marina sentia. É muito intenso e parecia tão real que me assombrou um pouco. O escritor esclarece perfeitamente todas as fases da crise, o porquê e como ela ocorre e isso facilita muito a leitura para aqueles que não conhecem nada do assunto.

Assim como todos que já passaram por qualquer tipo de transtorno psicológico, Marina se encontrou em meio aos caos com sua vida do avesso e seu único objetivo na vida era voltar a ser feliz e se livrar das crises.

"Embora eu possa ser feliz, minha felicidade certamente não será a propagada pelos filmes de Hollywood, nem aquela vivida pelas protagonistas de romances americanos. Eu realmente gostaria de ser a mocinha de algum romance de Nicholas Sparks, triste agora e feliz no parágrafo seguinte como só os americanos sabem ser, mas acontece que não sou. A vida real, reproduzida em tramas populares, não é mais que uma exageração dos fatos e uma simplificação das causas que levam a eles".

O livro parece uma autobiografia, pois é narrado em primeira pessoa e muitas vezes me perguntei se aquilo não era tudo verdade, mas é apenas uma ficção. Uma ficção bem real! Como eu já disse, a crise toda é muito bem descrita, com detalhes e sentimentos que só quem já passou poderia relatar daquela forma e ainda nos apresenta a diferença entre surto psicótico e crise de pânico - Por isso que às vezes nos confunde se é mesmo uma ficção - e isso fez a profundidade do livro aumentar.

Acompanhamos Marina desde antes de sua primeira crise e isso não transforma o livro em um romance comum. Encarei mesmo como uma espécie de biografia. Foi um pouco confuso para mim, confesso e se existir alguém aí interessado em aprender mais sobre esse transtorno, eu recomendo essa obra quase como um livro de pesquisa.

Outro fator que é bem constante no livro foi a libertação de Marina de todos os seus dogmas. A religião está muito enraizada dentro dela e ir contra alguns ensinamentos que a acompanhava a vida toda foi uma tarefa árdua.


E finalmente chego ao ponto que mais me chamou a atenção: As pessoas ao redor, que são capazes de ajudar ou destruir a vida de quem se perde nessas crises. É muito importante o que ela relata nessas páginas e podemos usar em nossa própria vida caso um dia nos encontremos em uma situação semelhante.

A família e pessoas ao redor não tem ideia da importância que tem para uma pessoa em crise. No livro, retrata bem o pai que menospreza a profundidade da doença e logo no primeiro sinal de melhora, decidiu que Marina estava curada. Não é bem assim e nós sabemos disso.

O irmão que achava tudo uma besteira e zombava de Marina o tempo todo. O namorado que se afastou por não entender e principalmente por NÃO QUERER entender. Os amigos que preferem se divertir a ajudar e por aí vai...

"Tive a sensação de que aquele corpo que se desesperava não era meu, e ainda assim eu sofria por ele. Entre minha mente e meu corpo havia uma barreira. Eu assistia a mim mesma como se fosse outra, e não podia fazer nada por mim".

Enfim... Este é um livro diferente. Uma ficção que se misturou com realidade em minha cabeça. Que me fez parar de ler para respirar. Que me deixou tão amarga por dias e tão aliviada em outros e que me deu uma enorme dificuldade para escrever essa resenha.

Ainda não sei quantas estrelas daria a essa obra. Minha única crítica a esse livro, por enquanto é a capa. Para mim não combinou com a história que é tão profunda.

A verdade é que sei sim a quantidade de estrelas. São 3. Uma a menos pela capa e uma a menos pelo sofrimento que me causou, mas acho que isso no final das contas nem é motivo para tirar uma estrela. Okay. Deixo-o com 4!

Estão vendo como esse livro mexeu comigo?!



3 comentários

  1. Conheci várias pessoas com esse problema, Camila. Não é difícil dar uma força, mas precisamos saber com o que estamos lidando. Talvez esse livro possa ajudar pais e amigos a compreender a situação. Beijos!

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  2. Oi Camila, convivemos com alguém da família que tem depressão e já teve síndrome do pânico, tem que ter muita paciência e amor, porque realmente é bem difícil... beijosss!!!

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  3. oi Camis,

    com o falecimento do meu pai,minha mãe desenvolveu uma depressão profunda,foi bem difícil,mas com muito amor e muito cuidado,conseguimos reverter o problema...

    beijinhos

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