Vivendo em um sonho

Uma vez eu li um livro muito interessante, era espírita e falava sobre desdobramento. Quem conhece ou já estudou algo dessa doutrina sabe o que é, mas para os leigos deixo uma pequena, e espero que correta, explicação:

Desdobramento é o ato em que o espírito consegue sair do corpo carnal e vagar por aí, estando assim, presente em dois lugares simultaneamente. 

No livro, um homem era preso em um lugar, tipo Alcatraz e vivia na pior situação possível, muitas vezes amarrado à camisa de força e subjugado a condições desumanas. Este homem descobriu uma forma de se desdobrar e aprendeu a viver livre para o resto da sua vida, mesmo estando preso.

O livro é lindo. Sério, mas não lembro o nome dele, mesmo porque havia esquecido que ele existia até o presente momento em que escrevo esse texto. 

E porque eu me lembrei disso? Porque li um texto antigo meu (leia aqui) e lembrei exatamente o que senti ao escrever aquilo. Lembro-me de ter saído totalmente do ambiente em que estava, me imaginando naquele cenário. Desejando realmente viver ali.

Lembro que não queria terminar o texto, porque assim teria que voltar para a realidade. Ali estava tão bom, tão confortável, tão meu. 

Então pensei que quem escreve, ou compõe, ou pinta, sofre um tipo de desdobramento quando se entrega às suas obras. Não é como se nosso espírito saísse do corpo e tal, nada disso, mas nossa mente sai com certeza. O pensamento fica tão denso em outra realidade que parece uma experiência tangível e não apenas imaginação.

Para quem leu o texto que me inspirou a escrever isso, saiba que realmente eu estive na casa de dois andares com janelas de dois minutos. Releio esse texto de tempos em tempos, porque sinto saudades desse cenário. 

E esse é um dos mil motivos que me fazem continuar escrevendo...


5 comentários

  1. Interessante, Camila. Eu não sabia que essa experiência se chama desdobramento, mas eu acho que já a vivi. Se não saí do corpo tive um sonho muitíssimo real, tanto que eu duvido mesmo que tenha sido um sonho.
    Eu tinha lido seu conto da fazenda inspiradora e gostei de saber mais aqui sobre ele ;)

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  2. Voltar para realidade por vezes é complicado.

    bjokas =)

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  3. Imagino que escrever seja um ato de transcedência, assim como compor uma música e tal... só os artistas conhecem.

    Bjokas,
    http://www.dmulheres.com.br/

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  4. Oi Camila!

    Já conhecia a experiência do desdobramento, mas a forma como você explicou foi tão poética...realmente, muitas vezes me sinto tão "compenetrada" estando longe que é difícil "voltar".
    Não que eu seja artista ou algo parecido, mas gosto de relaxar, "viajar" de vez em quando.

    beijos, Renata
    palpitandoemtudo

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  5. Que delícia de texto, Cah... Realmente escrever dá essa sensação. Hoje mesmo, eu estava pensando que quando eu era criança, ficava andando pela casa fingindo ser os personagens que via na tv, nos filmes, ou mesmo inventava os meu próprios personagens... tudo sozinha, usando a minha imaginação. Eu ficava andando que nem louca pra lá e pra cá falando sozinha. Sei lá, acho que depois de "velha" isso pareceria meio estranho aos olhos dos outros, então por isso eu preciso escrever alguma coisa as vezes... acho que para liberar essa tensão, além claro, de sentir o prazer de estar em outro lugar. :)

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