Se eu tivesse que resumir este livro em apenas uma palavra, com certeza, seria: Impecável.
Talvez: Aterrorizante. Estimulante. Clássico. Existem tantas palavras que poderiam ser usadas para defini-lo corretamente, mas ficarei apenas com: Obrigatório.
Sinopse: Eliza Caine tem 21 anos e acaba de perder o pai. Totalmente sozinha e sem dinheiro suficiente para pagar o aluguel na cidade, ela se depara com o anúncio de um tal H. Bennet. Ele busca uma governanta para se dedicar aos cuidados e à educação das crianças de Gaudlin Hall, uma propriedade no condado de Norfolk – sem, no entanto, mencionar quantas são, quantos anos têm ou dar quaisquer outras explicações. Assim, ela larga o emprego de professora numa escola para meninas e ruma para o interior.
Chegando a Gaudlin Hall, Eliza se surpreende ao encontrar apenas Isabella, uma menina que parece inteligente demais para sua idade, e Eustace, seu adorável irmão de oito anos. Os pais das crianças não estão lá. Não se veem criados. Ela logo constata que não há nenhum outro adulto na propriedade, e a identidade de H. Bennet permanece um mistério.
A governanta recém-contratada busca informações com as pessoas do vilarejo, mas todos a evitam. Nesse meio tempo, fica intrigada com janelas que se fecham sem explicação, cortinas que se movem sozinhas e ventos desproporcionais soprando pela propriedade. E então coisas realmente assustadoras começam a acontecer…
Se você é fã de suspense, deve ler A casa assombrada e se ainda não conhece a escrita, deslumbrante e profunda, do autor irlandês (O garoto do Pijama Listrado), saiba que está cometendo um grande erro literário. Essa, é mais uma daquelas resenhas difíceis de fazer, por ter recebido minhas 5 estrelas logo nas primeiras 50 páginas e por tê-las mantido até o final, sem vacilar um minuto sequer.
John Boyne já havia me conquistado com O Palácio de Inverno e agora me ganhou de vez, entrando no meu Ranking de melhores escritores e me obrigando a procurar suas outras obras. Essa, em especial me ganhou pelo suspense, pelo título e, principalmente, pela profundidade.
E se você está pensando que estou entusiasmada demais, espera até bater o olho na primeira frase do livro:
Culpo Charles Dickens pela morte do meu pai”.
Sim, o livro começa citando o renomado autor e não para por aí, o próprio Charles Dickens faz uma aparição nas primeiras páginas, em uma leitura para seu público. Eliza Caine (protagonista) cita diversas obras do escritor e fala um pouco sobre ele e só aí, já havia me conquistado.
Eliza Caine é uma mulher de 21 anos (descrita como pouco atraente) que vive em Londres no nebuloso ano de 1867 e narra essa história com tamanha profundidade, que nos prende a cada linha, como se dependêssemos daquilo para respirar. As inúmeras menções a Charles Dickens foi o que me atraiu de início, mas não foi o que me manteve, com certeza.
Sua solidão e tristeza me assolou. As inúmeras reflexões a sua falta de beleza também me fez pensar o quanto esse livro é crítico e me lembrou de que preconceitos são um defeito antigo do homem. A religião também é um ponto discutido no livro e Eliza faz perguntas de arrepiar qualquer beato.
A Bíblia foi escrita por homens”, exclamei. “Passou por tantas mudanças, por tantas traduções ao longo dos séculos, que se adapta e se reinventa de acordo com a época em que o leitor entra em contato com ela. Apenas um tolo acredita que as suas palavras são as palavras de Jesus Cristo”.
De qualquer forma, a obra começa com Eliza Caine indo a uma leitura de Dickens com seu pai, já bem debilitado, e após essa noite, chuvosa e fria, ele acaba falecendo. Sem rumo e sozinha pela primeira vez na vida, Eliza resolve se candidatar para um cargo de governanta em Galdin Hall que viu, quase sem querer, no jornal e para seu espanto é aceita rapidamente sem maiores perguntas e sem nenhuma explicação sobre o cargo.
E assim, de repente, sua vida se transforma. De filha dedicada e protegida para mulher solitária e de mudança para um lugar onde não conhece ninguém e longe de Londres. Ela descobre logo que tomará conta de duas crianças: Isabelle e Eustace e mesmo eles parecem submersos nos segredos da casa e...
Que crianças são aquelas? História de terror com pequeninos é realmente de arrepiar qualquer um.
Considerei a possibilidade de trocar de quarto e me mudar para um dos muitos aposentos vagos no segundo ou no terceiro andar da mansão, mas duvidava que o espírito com tanto rancor pela minha presença desistisse por uma alteração tão irrelevante”.
Logo de cara, Eliza se sente perdida, pois é recebida pelas duas crianças e mais ninguém. Ao perguntar pelos adultos da casa recebe respostas evasivas e assim começa sua corrida pela verdade. Mas a maior mudança, certamente, não foi física e sim espiritual. Pois Eliza vai parar em um casarão antigo cheio de histórias mal contadas, segredos e cercada de medo.
Todos parecem correr de suas perguntas. Ninguém conta, de fato, o que acontece ali dentro e para piorar, Eliza começa a perceber que não está sozinha, mesmo quando se tranca em seu quarto.
Gritei e caí para trás; o som do meu grito foi aterrador até mesmo para mim; olhei para o lado e vi Isabella cobrindo os ouvidos com as mãos, Eustace me encarando com os olhos arregalados e a boca escancarada”.
Não sei se essa foi à intenção de John Boyne, mas eu passei o tempo todo sentindo que coisas eram escondidas de mim também (leitora). Isso me deixou tão louca quanto Eliza, que buscava esclarecimentos o tempo todo. Foi uma jogada de mestre, em minha opinião.
O desenrolar do livro é lento, mas delicioso. Vocês nunca irão me ouvir falar isso novamente, eu acho. Prefiro obras mais aceleradas, mas essa teve a velocidade certa. Eu pensava no livro o tempo todo, me imaginava naquele casarão e com aquelas crianças, totalmente desprotegida e cheia de perguntas enquanto tentava sobreviver aos inúmeros "acidentes" tão corriqueiros do local.
O que tinha acontecido naqueles quinze segundos? Como uma coisa daquelas poderia acontecer? Não tinha sido minha imaginação, pois meus machucados eram reais. Havia uma presença naquela casa...”
As cenas não tiram o sono, mas dão aquele arrepio interessante, sabe? Não é uma obra para aterrorizar, mas mesmo assim te deixa com o pensamento fixo nos tais "acidentes". Pequenos, rápidos e completamente aterrorizantes de uma forma... Diferente. Só lendo para entender.
Eu fiquei apaixonada pela obra e por isso a classifico com cinco estrelas, ou melhor, cinco casarões assombrados:
Agora, uma reflexão importante sobre esse livro:
Quando comecei ler essa obra, me encantei já nas primeiras páginas.
Confesso que me joguei na história sem saber nada sobre o livro e depois de terminada a leitura, fui buscar o que as outras pessoas estavam falando...
Foi nesse instante que conheci o tão aclamado "A volta do parafuso" de Henry James, e curiosa que sou, mandei vir o livro, para tirar a limpo essa história de que Boyne havia se baseado na história de James para escrever sua obra.
Minha conclusão é a seguinte: Boyne se baseou sim, impossível não notar a imensa semelhança entre as obras, no entanto, a história de Henry James me pareceu arrastada demais e no final eu é que me arrastava para terminar a leitura. O desfecho também me desagradou e não senti empatia pelas personagens...
Já em "A casa assombrada" senti exatamente o contrário. A narrativa, por mais lenta que parecesse me fez grudar os olhos nas páginas e prender o fôlego a cada acidente. O final me arregalou os olhos e as 5 estrelas vieram fácil.
Bem, caso Boyne tenha se baseado na obra "A volta do parafuso", devo dizer que ele não poderia ter sido mais feliz em tal feito. Sua criação elevou o nível da história de James e delineou muito melhor o cenário de suspense que a governanta narra.
Boyne me fez arrepiar e se essa foi sua ideia, espero que ele se baseie em outras obras clássicas para suas futuras, MELHORES, histórias!
Ainda estou no comecinho da leitura de A Casa Assombrada e li com muito gosto a sua resenha, Camila. Aumentou minha vontade de ler não apenas esse, mas também A Volta do Parafuso.
ResponderExcluirCinco estrelas pra você também ;)
Oi Camila!
ResponderExcluirEu sou fã de suspense, mas sabe que esse livro nunca me chamou a atenção? Já li algumas coisas do John Boyne, porém, e gostei do li.
Seu post cutucou vários dos meus remorsos literários, rsrs. Tenho O Palácio de Inverno há anos (é o livro do Boyne que me parece mais interessante) e ainda não li. Também nunca li Dickens, mas preciso corrigir isso logo.
Beijos,
alemdacontracapa.blogspot.com
Adorooo, livros assim prendem a gente até o final.
ResponderExcluirbjokas =)
Uauuuu.... Depois da sua resenha, fiquei curiosa... É isso q senti, Camila... A lentidão... Por isso não tava gostando muito... Mas vou em frente... Vc aguçou minha curiosidade....
ResponderExcluirUauuuu.... Depois da sua resenha, fiquei curiosa... É isso q senti, Camila... A lentidão... Por isso não tava gostando muito... Mas vou em frente... Vc aguçou minha curiosidade....
ResponderExcluirNão costumo ler livros nesse estilo, mas sua resenha foi muito boa!
ResponderExcluirBj e fk c Deus.
Nana
http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com
Beijinhos Camila
ResponderExcluirOlá Flor
ResponderExcluirEu Não conheço o Autor, mas sou super fã de Livros de Suspense!
A premissa e muito Bom, e apesar Fluir de uma maneira lenta, aprendi que isso apenas faz parte do livro, o importante é a Historia nos conquistar e ser bem escrita.
parabéns Pela Resenha.
Beijos
http://resenhaatual.blogspot.com.br/
Já tinha visto uma booktuber que acompanho bastante falar sobre o livro, mas devo dizer que a sua resenha que deixou mais louco ainda pelo livro
ResponderExcluirAcho a escrita do autor muito boa, provavelmente ele será uma das minhas proximas leituras
http://os-jovens-leitores.blogspot.com.br/
Oi, Camila! Estou no meio da releitura desse livro. É sempre assim: quando leio algo interessante, costumo reler, em voz alta, pro meu marido para podermos discutir. Também reli A Volta do Parafuso para poder comparar. Anacronismos à parte, John Boyne fez um bom trabalho. Adaptou a sutileza psicológica de A Volta do Parafuso para o gosto dos leitores contemporâneos. Henry James inovou. John Boyne renovou. Beijos!
ResponderExcluirOpaaa, já me interessei, apesar de que ultimamente eu não tenho lido livros de suspense ou de terror, ando meio medrosa, rsrsrs beijosss!!!
ResponderExcluirOie,
ResponderExcluirnão conhecia o livro, mas confesso que a história não me chamou atenção.
bjos
http://blog.vanessasueroz.com.br
Oie Camila =)
ResponderExcluirSou fã do John Boyne. Ele é um daqueles autores que conseguem escrever histórias que ficam com a gente por muito e muito tempo.
Ainda não tive a oportunidade de ler esse livro, mas ele está na minha lista.
Beijos;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Gostei bastante da sua analise sobre este livro. Eu ainda não conhecia e também não conhecia o autor, por isso achei bem legal.
ResponderExcluirBeijos
SIL | Estilhaçando Livros
Oi
ResponderExcluirEu só li um livro do autor até agora infelizmente que foi O Garoto no convés e gostei muito;.
Esse pela resenha percebi que é um livro que o leitor não desgrudara até chegar ao final, fiquei com vontade de ler só para saber o mistério do livro, quem sabe eu leia ele, só por você ter falado que é uma leitura obrigatória.
http://momentocrivelli.blogspot.com.br/
Oi Camila!
ResponderExcluirO único livro que li do autor foi o mais famoso, O Menino do Pijama Listrado :c Realmente, a escrita dele é maravilhosa, mas pela sua resenha percebi que esse livro tem uma pegada beem diferente do outro que li dele. Fiquei muito interessada, mesmo você dizendo que não é muito forte, acho que quando ler vou ficar meio paranoica, principalmente porque passo bastante tempo sozinha em casa #medo hahaha.
Beijos!
http://www.claramenteinsana.com/
Já tinha ouvido falar desse livro, mas nunca me interessei. Mas depois da sua resenha, entrou para a minha listinha.
ResponderExcluirPost it & Livros
Oi
ResponderExcluirA História parece ser muito legal e envolvente,
fiquei curiosa para saber qual é o mistério dessa casa e o porque das crianças estarem sozinhas na hora que ela chega.
momentocrivelli.blogspot.com.br