Mais um clássico lido, mas uma obra desmistificada para mim e mais uma prova, de que a mídia distorce tudo, com a ajuda do cinema, é claro!
Sinopse: Rosemary Woodhouse e seu marido Guy, um ator que luta para se firmar na carreira, mudam-se para um dos endereços mais disputados de Nova York, o Bramford, um edifício antigo de ares vitorianos, habitado em sua maioria por moradores idosos e célebre por uma reputação algo macabra de incidentes misteriosos ao longo da história.
Sem demora, os novos vizinhos, Roman e Minnie Castevet, vêm dar boas-vindas aos Woodhouse. Apesar das reservas de Rosemary com relação a seus hábitos excêntricos e aos barulhos estranhos que ouve à noite, o casal idoso logo passa a ser uma presença constante em suas vidas, especialmente na de Guy.
Tudo parece ir de vento em popa. Guy consegue um ótimo papel na Broadway, e novas oportunidades não param de surgir para ele. Rosemary engravida, e os Castevets passam a tratá-la com atenção especial. Mas, à medida que a gestação evolui e parece deixá-la mais frágil, Rosemary começa a suspeitar que as coisas não são o que parecem ser... Em 1969, O bebê de Rosemary, fenômeno aclamado por público e crítica, foi adaptado para o cinema em uma produção que se tornou um clássico do terror, estrelada por Mia Farrow e Roman Polanski. Em 2014, a força da história sinistra de Rosemary e seu bebê chegou à TV americana, em uma elogiada minissérie estrelada por Zoe Saldana.
Classificação
Editora: Nova Cultural
Eu não estou dizendo que essa obra não é um terror dos bons, mas sempre li coisas terríveis sobre ela, coisas que não encontrei nestas páginas, e não me lembrava de absolutamente nada do filme. Então resolvi fazer as coisas na minha ordem certa. Fui ler o livro e logo depois assisti ao filme novamente.
O livro é excelente. Tem suspense do começo ao fim e a cada momento você cria especulações diferentes para cada personagem. O filme não fica atrás. Apesar de muito antigo, os atores conseguiram externar exatamente a personalidade de cada um, igualzinho ao livro. Até as falas são iguais e eu adoro isso!
Publicado em 1967, acompanhamos a história de um casal comum em busca do famoso sonho americano. Rose é de uma família católica e sai de casa para estudar, à contragosto de todos. Sem muita ajuda e contrariando sua família, vai morar em uma república onde o vizinho se torna um tipo de pai para ela, seu nome é Hutch.
Guy é seu marido que tenta se destacar como ator. Por isso mesmo eles sonham em se mudar para o aclamado Edifício Bradford que é a escolha de muitas pessoas famosas na época. E de fato, Brandford é um prédio incrível com apartamentos enormes, clássicos e uma decoração um tanto diferenciada em sua fachada. Ele realmente existe, dá uma olhada nisso:
Então, finalmente eles conseguem um apartamento lá, mas Hutch não aprova muito a mudança. O amigo diz à Rose que muita coisa ruim acontece nesse prédio e fala sobre seitas macabras entre outras coisas. Conta histórias, verdadeiramente, horrendas sobre mulheres que comiam bebês e por aí vai, mas nada faz com que o casal mude de ideia.
"Rosemary só se recordava das advertências de Hutch quando ia ao porão lavar roupa. O elevador de serviço, por si só, já era assustador: pequeno, automático, barulhento e sujeito a paradas súbitas e inexplicáveis. O porão era imenso, escuro e sinistro, percorrido por correntes de ar de origem misteriosa e ruídos insólitos. Encostadas nas paredes emboloradas, velhas geladeiras fora de uso pareciam grandes fantasmas brancos".
Eles se mudam mesmo assim e adiantando um pouco as coisas para não contar muito da história, os dois conhecem, logo no início, o casal de idosos que moram ao lado. O encontro deles é em uma situação bem inusitada e logo de cara tudo parece suspeito. A personalidade deles, seus costumes, a forma com que agem e falam e até mesmo a curiosidade e amizade excessiva nos faz olhar o casal com desconfiança.
Nesse meio tempo, Rose fica grávida - e essa também é uma das cenas mais malucas do mundo. A forma com que essa criança é concebida fez meu cérebro travar. É apavorante e fora da realidade completamente. Eu no lugar da Rose teria pirado li mesmo. Mas as circunstâncias ao redor dela a fazem seguir em frente. A constante intromissão dos vizinhos com todos aqueles mimos... Isso me incomodou demais durante a leitura.
"— Sonhei que estavam me violentando. Não sei quem. Algo... desumano, bestial".
Rose sente o mesmo - É quase uma cumplicidade entre protagonista e leitor - mas Guy os adora cada dia mais e por conta disso passam a se ver quase como uma família. Rose é tratada com muito carinho pela velha vizinha e a gravidez segue da forma mais esquisita do mundo.
Não vou contar mais nada porque iria acabar com a graça da coisa toda. O que quero ressaltar é que o forte desse livro é o suspense que vai se acumulando em camadas ao redor de Rosemary. Suspense que não mostra nunca de forma clara quem está envolvido. Os vizinhos parecem culpados e inocentes ao mesmo tempo, você chega a temer ser injusto com eles em diversos momentos. O marido é igualmente controverso e isso faz a obra ficar deliciosa a cada folha.
"Era um ator; como poderia alguém julgar quando um ator era sincero ou quando estava representando?".
A gravidez dela é assustadora do começo ao fim e o desfecho... UAU!!!!
Mas, não sei se é porque sou "cria" do Stephen King e já li tantos livros de suspense que nada mais me assusta ou se é porque fui com muita expectativa para essa obra, mas não achei TUDO isso que falam por aí (digo em termos de horror, porque a trama é excelente).
Como eu disse: nada é MOSTRADO de fato e tudo fica mais em nossa imaginação do que tudo (tirando o final que é mesmo muito bom). Mas acredito que essa foi mesmo a intenção do livro. Colocar essa dúvida em nossas cabeças até próximo do fim, quando tudo fica claro.
É um livro interessantíssimo, com uma narrativa excelente. Um verdadeiro clássico, mas que não deveria ser tão temido como é, por aqueles que nunca o leram (ou assistiram). Digo isso, porque várias pessoas reagiram de forma espantosa quando me viram lendo essa obra:
"Ai, que medo! Eu nunca leria esse livro. É uma história horrorosa".
E não. Não é tanto assim. Claro que envolve temas que assustam, mas o lance da trama é o suspense denso em cada página. São as pequenas particularidades que te causam arrepios e tal.
"As semanas das festas de fim de ano foram terríveis. As dores se tornavam cada vez mais fortes e contínuas — fazendo com que Rosemary chegasse a não poder se recordar de como tinha sido sua vida sem elas. Parou de reagir; deixou de mencioná-las ao dr. Sapirstein e procurou enganar a si mesma quanto a sua existência. Até agora, a dor tinha estado dentro dela; agora ela é que estava dentro da dor; fazia parte do ar que a cercava, era seu universo. Exausta e entorpecida, passou a dormir e a comer mais, a comer carne cada vez mais crua".
Sabe aquela obra que INSINUA a coisa, mas nunca diz, claramente, se ela tem chifres? Então, aqui é igual.
E vou dizer... A coisa aqui tem chifres (rs).
Leiam e assistam. Vale a pena e não vai te matar de medo... Bem, eu acho.
OI Camilete, saudade de você , menina!!
ResponderExcluirQue postagem super, adorei... Pra te falar a verdade, nunca vi esse filme até o fim, acredita?
Parabéns pelo blog!!
bacios
Oi, Camila! Tem série, é? Vou procurar. Quanto ao livro, concordo com você: é suspense sobrenatural dos bons, não exatamente terror. Eu queria bater naqueles vizinhos, expulsá-los a vassouradas. :) Beijos!
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