Pequeno livro que li, lentamente, e terminei em dois dias, com ilustrações de Richard Chizmar e que me encantou como se fosse um conto de fadas moderno. Mais uma vez a Editora Companhia das Letras com seu selo SUMA arrasou na edição de capa dura e arte original!
Sinopse: A pequena cidade de Castle Rock testemunhou alguns eventos estranhos ao longo dos anos, mas existe uma história que nunca foi contada... Até agora. Há três caminhos para subir até Castle View a partir da cidade de Castle Rock: pela rodovia 117, pela Estrada Pleasant e pela Escada Suicida. Em todos os dias do verão de 1974, Gwendy Peterson, de doze anos, vai pela escada, que fica presa por parafusos de ferro fortes (ainda que enferrujados pelo tempo) e sobe em ziguezague pela encosta do penhasco. Certo dia, um estranho a chama do alto: “Ei, garota. Vem aqui um pouco. A gente precisa conversar, você e eu”. Em um banco na sombra, perto do caminho de cascalho que leva da escada até o Parque Recreativo de Castle View, há um homem de calça jeans preta, casaco preto e uma camisa branca desabotoada no alto. Na cabeça tem um chapeuzinho preto arrumado. Vai chegar um dia em que Gwendy terá pesadelos com isso.
Eu acho que o Mr. Stephen King está ficando mole! (rs)
Essa obra não tem nada de terror e não apavora. Claro que aquela veia negra e maligna que ele tem desde que escreveu “Carrie” ainda existe e influência tudo que ele coloca as mãos, aqui não é diferente, mas é leve, mágico.
“A pequena caixa de Gwendy” é um drama quase infantil, com um toque... Não, não, uma pitada de suspense à lá King. Algo bem sutil, peculiar, claro, mas que te faz sorrir no final, coisa que geralmente só acontece se seu sorriso é de nervoso!
Mas vamos à obra: Gwendy é uma garota gordinha que se cansou de ser chamada de Goodyear pelos garotos da escola e resolveu tomar uma atitude. Todos os dias ela sobe uma escadaria imensa (chamada de “escadaria do suicídio") para queimar suas calorias e ainda manera na comida. Ela nunca repete. Isso até que está funcionando, mas seria bom se as coisas andassem mais rápido.
É aí que entra nosso outro personagem: Sr. Farris é um homem peculiar que um dia aparece sentado no bando que fica bem de frente à tal escadaria. Parecia que esperava Gwendy e realmente fazia isso. Esse homem entrega a ela uma caixa cheia de botões coloridos (cada um deles representa um continente) mas dois deles são mais chamativos: O vermelho realiza qualquer coisa que ela desejar e o preto... bem, é preto, preciso dizer algo mais?
"Gwendy esqueceu de sentir medo. Está fascinada pela caixa e quando o homem de paletó a entrega ela aceita. Estava esperando que fosse pesada porque mogno é uma madeira pesada afinal de contas e nem dava para saber o que havia dentro, mas não é. É leve a ponto de Gwendy conseguir balançar nos dedos. Ela passa o dedo pela superfície reluzente e meio convexa de botões e quase sente as cores iluminando sua pele."
A caixa ainda conta com duas alavancas que liberam coisas bem especiais: Uma dela lhe dá moedas raríssimas e a outra chocolates do tamanho de jujubas que fazem milagres para sua dieta. Acontece que King mergulhou no mundo mágico e criou uma trama deliciosa e leve. Algo que só vi em “Os Olhos de Dragão” (resenha aqui).
A grande questão é que a caixa proporciona coisas boas para Gwendy que passa a conseguir, sem muitos esforços, tudo que sempre desejou. É como se tivesse uma fada madrinha bem ali, capaz de destruir o mundo com seus botões, mas com a habilidade de lhe dar conforto e força de vontade para as tarefas do dia a dia. Cabe a Gwendy decidir o que fazer com essa caixa tão especial.
“Quanto da vida dela é obra dela mesma e quanto é obra da caixa com seus chocolates e botões?”.
Acho mesmo que esse é um excelente livro para quem quer começara ler King. Não vai ter aqui aquela coisa crua e visceral que nós fãs amamos, mas terá a rescrita detalhada e muita história por baixo da história principal como de costume. Personagens profundos e acontecimentos de cair o queixo. Recomendo.
Chega a lembrar Neil Gaiman?
ResponderExcluirNão a escrita, mas a magia boa e meio bizarra da caixa. É muito gsiman isso... Tornar fofo algo assustador.
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